quinta-feira, 15 de março de 2012

Everyday Is Like Sunday

Texto da Carolina Bizzi 


Prefiro eu ser pessimista e me surpreender vez em quando a ser otimista e me frustrar todo o tempo. O corpo procura remédio para a alma em formato de cápsulas baratas e a alma encontra descanso num efeito placebo. Tudo volta pior no dia seguinte. Mais um dia, mais uma memória pra aumentar o histórico incongruente.
Não sinto muito por tudo isso. Sinto por tudo que ainda me faço passar. Passo por cima das minhas intenções e realizo as querências daquilo que é resto do que não congelou. Talvez eu ainda sinta algo, da mesma forma que alguém ainda sente que o errado é o correto e troca o certo pelo duvidoso.

Imaginando o inimaginável e inalcançável do pobre obscuro atordoado. Indecifrável e sempre alheio. Me mantem à deriva, aguardando por qualquer suspiro de existência ou de boa nova.
De vez em quando a cúpula de gelo responsável por bombear o sangue frio cospe coisas agradáveis às vistas, numa tentativa exacerbada de não explodir para todos os lados com seu conteúdo indecifrado. Quem sabe assim ela, a bomba, possa se fazer compreendida e não ser uma forasteira em terras recém-descobertas inapropriadamente.

Meu eu não o quis. A alma implorou por um meio sorriso. E não me surpreende tudo ter durado uma fração de segundo aos cansados olhos humanos. A cúpula gelada não enxerga (nem sente). A mente vivifica e remoe.

Tudo é encaminhado ao mesmo sistema automático. Acordar, esquecer, prosseguir. 

domingo, 4 de março de 2012

quite right too

- My love for them was too much not to care.



Como eu poderia imaginar que minha vida mudaria tanto se você não me deu nenhum sinal de que permaneceria nela? 
Sempre com pressa. 
Sempre rindo das possibilidades. 
Sempre outro lugar onde precisava estar. 


Por tantas vezes me salvou do impossível, me manteve viva quando tudo parecia perdido. 
Ao seu lado deixei de ter medo da morte, pois passei a me sentir viva. 



Percebi o quão pequeno o mundo era no dia em que você me mostrou o modo como vivia.
Eu soube no primeiro instante que jamais seria a mesma. Não sem você ao meu lado. 
Por mais que a vida me chamasse de volta a aqueles dias que um dia vivi, jamais abriria mão daquilo que construímos.




Por muitas vezes tentei te ensinar a dançar, para celebramos mais um dia de alegria. Mas com a sua falta de jeito as lições nunca chegaram muito longe. 
Cantamos, rimos, sonhamos juntos, contamos histórias e fizemos história. 
Um mundo infinito de possibilidades. 

Onde e quando não importava, desde que estivéssemos juntos.


Deixar tudo para trás nem foi difícil, pois você vinha logo a frente. E felicidade se tornou uma palavra real. 
Não sei dizer quanto tempo ficamos juntos, pois para mim não passou de um minuto. 
Acho que a eternidade teve seu significado diminuído diante a minha vontade de permanecer com você.



Mas uma força maior nos separou. 
Estou em um lugar onde você não pode chegar. E não sei mais por onde você anda. 
Ainda sonho com sua voz me chamando ao seu encontro. Ainda que para um ultima despedida. 
E o choro se tornou um amigo próximo. 

A vida sem você não tem graça. É só uma sequencia de fatos irrelevantes. 
Dos mundos que você me mostrou só restaram a memoria e a sombra da felicidade daqueles dias. 
Hoje já não sou mais a mesma. Não aquela do começo que todos conheciam. 
Sou como você me viu pela ultima vez. Fiz questão de não mudar para se um dia você passar por mim, conseguir me reconhecer. 
Mas não se demore. Pois agora a eternidade parece impossível. E o impossível sem você é realmente impossível. 
Estou no mesmo lugar, vivendo a mesma vida. 
Você sabe onde estou. 
Irei te esperar até o tempo dizer que não posso mais. E ainda assim vou lutar contra ele e esperar mais um pouco. 
Mesmo com a tristeza me acompanhando para onde quer que vá, sinto que você está comigo.






P.S. da autora: Esse é um texto em homenagem ao episodio 14 da 2ª temporada do Doctor Who, "Doomsday"
He burned up a sun just to say good bye.
- Jessy McLovin