quinta-feira, 2 de junho de 2011

Since you've been gone



- O que é aquilo no céu?
- Acho que é um OVNI.
- Deve ser um avião.
- Não estrague minha alegria. É um OVNI e ponto.
- Ok. Então é um OVNI.

A grama deixava suas mãos geladas, mas eles não se incomodavam diante de um céu tão bonito. A falta de palavras era algo confortável, afinal eles não tinham muito o que dizer. O que sempre houve em comum agora se dissipava momentaneamente.

Ela começou a cantarolar uma música pra distrair. Ele continuou olhando para o céu com as mãos embaixo da cabeça. Ela, então, tira de sua bolsa um exemplar de 'O Mágico de Oz', para talvez atrair a atenção dele por alguns instantes. Ele, pelo canto dos óculos observa o livro, mas hesita em expressar qualquer reação.

Ela desistiu de esperar ele puxar assunto e levantou. Foi andando em direção ao lago para observar as coisas de um ângulo diferente. Encostou em uma árvore que ficava na margem do lago e por lá ficou por alguns minutos.
Sem prévio aviso sentiu uma mão tocar o seu ombro e quando se virou, antes que tivesse reação para corresponder, sentiu um abraço forte a envolvendo.

- Isso aqui tá um porre. Vamos tomar um café?
- Mas ainda é a hora do almoço!
- E existe uma hora específica para se tomar um café sem açúcar?
- No mundo real sim.
- Sua tonta, vamos!

...

- Sabe aquela cena do milkshake do Pulp Fiction?
- Sei, a do silêncio, né?
- Isso... É interessante!

E caminham em silêncio até a cafeteria.
Esperaram o café por aproximadamente 7 minutos. Quando finalmente chegou, ele começou a beber e olhar o movimento da rua pela janela. E mais uma vez ela se sentiu obrigada a tirar seu exemplar de 'O Mágico de Oz' da bolsa para passar o tempo que ele não estava passando com ela.
Ele parecia nem estar ali. Não dava a mínima para ela.
Ela resolveu não estar ali também. Se sentia mais como o Homem de Lata do que como a Dorothy. Não dava para entender por que ele estava distante além do normal. Até que se encheu e deixou ele na mesa enquanto foi pagar a conta e então foram embora.

- Acho que cobraram errado. Só tem um café puro na conta.

Ele nem se deu ao trabalho de responder.
- Por que você me trata assim?
- Assim como?
- Como se nem estivesse aqui.
- Impressão sua.

Caminharam até chegar à casa dela. No fundo ela pensou em convidá-lo para jogar video game, mas já estava cansada de tanto descaso. Se despediu com um beijo no rosto e entrou direto para seu quarto. As tentativas em vão de conquistar a atenção dele esgotaram sua mente. Caiu na cama e com a roupa do corpo dormiu até o dia seguinte.

Acordou com as cenas do dia anterior martelando em sua cabeça de forma tão forte que sentia dores reais! Aquilo não estava certo. QUEM era ele para tratá-la com tanto descaso?
Pegou o telefone e discou o número que sabia de cor, apesar de nunca ter tido a coragem de discar todos os oito dígitos do telefone dele, mas a raiva era tanta que conseguiu completar a ligação sem nem ao menos perceber o feito. E o telefone chamou... E chamou.

- Bom dia! Tudo bem?!
- Quem você acha que é pra ter me tratado assim ontem? Você acha que sou idiota?
- Ontem, pequena? Mas ontem eu fiquei preso na faculdade o dia inteiro, tinha um seminário para apresentar hoje! Desculpa ter sumido sem avisar! Não sabia que te deixaria brava!
- Seminário? Faculdade?
- Não sei se isso muda alguma coisa no seu humor, mas tenho uma boa notícia... Pelo menos pra mim é! Finalmente vou conseguir ir te visitar! Não vejo a hora de te conhecer e roubar 'O Mágico de Oz' da sua estante!




Um agradecimento mega especial para a @CarolBizzi que escreveu 73% desse post.

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