segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Monólogo de dois - parte 2





- Hey
- Que foi?
- Terminei
- Terminou o quê?
- Com ele
- O seu namorado?
- É, mas você já sabia né?
- Claro, você esqueceu quem eu sou?
- Não, mas você entende né, novidades, preciso contar.
- A falta de ver seus amigos faz isso
- Eu tenho internet esqueceu?
- Eu não tenho tanta participação em você quando seu cérebro está submerso na rede e online
-Isso faz sentido...
- Ele não era bom de cama?
- Quê?
- É, não se faça de desentendida, você entendeu
- Não vou responder isso!
- E por que não? Ele não é mais seu namorado e eu estou curiosa
- É verdade, você não presenciou nada
- Viu, as vezes até eu fico sem saber das coisas. Pois então me conte, ele era ruim de cama?
- Já disse que não vou responder isso!
- E por que não?
- Porque tem pessoas lendo nossa conversa, vai que ele lê também?
- Você e essa mania idiota de escrever as coisas idiotas da sua vida de um jeito menos idiota...
- Você só fala isso porque não participa do processo
- E a culpa lá é minha se você entra em transe e escreve feito uma doida?
- Invejosa
- Esquisita
-Não vamos começar com isso de novo, vamos?
- E o que você vai fazer agora que somos solteiras?
- Não sei, não preciso fazer uma mudança radical toda vez que eu terminar um relacionamento, preciso?
- Tem gente que corta o cabelo, pra falar a verdade é a coisa mais comum
- Até que seria uma boa idéia, mas eu não sei o que fazer nele
- Pinta de azul
- Isso, ai eu me mudo pra Toronto e viro entregadora da Amazon usando patins normais na neve e usando rodovias subespaciais localizadas nos sonhos das pessoas?
- Você não tem sete ex-namorados do mal ainda
- Já sei
- O quê?
- Sair pra dançar loucamente, como se a minha vida dependesse disso
- Você não prefere jogar vídeo game loucamente com os seus amigos? Eu sei que você ama o joguinho de dança...
- O lado bom de eu ter terminado tudo foi que não precisarei me preocupar com o presente do dia dos namorados e poderei ficar com meus amigos como eu sempre fiz durante meus 19 anos
- É uma opção. E você já jogou as coisas dele fora? Deletou as fotos? Chorou?
- Já, já e não.
- Por que não?
- Não senti vontade
- E por que não? Você gostava tanto dele...
- Sempre ando com pelo menos um pé no chão quando o assunto é relacionamentos, e esse pé é você
- Viu como o passado ruim tem seus frutos positivos?
- Não sei onde eu estaria sem você
- Deixa de ser melosa e me diga uma coisa
- O quê?
- Ele era ruim de cama?
- Consciência!

- @Kuro_N3ko

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

ต้นไม้




Quando a natureza me dominar ao menos serei uma árvore; serei útil.

Quando eu for uma árvore, as pessoas vão me visitar nos feriados.
Pode ter alguém que me abrace, vão me fazer companhia, com um piquenique ao meu lado.
Alguém vai escrever uma frase de amor em mim e, terei várias tatuagens de coração pelo corpo.
Quando o sol estiver forte, vão se proteger à minha sombra, e, com sorte, vão ler um livro aos meus pés. Eu vou fazer parte de um dia, de uma vida, de uma história, de amor ou não. Com um final ou não.

Vou ser uma árvore.

Vou ser uma árvore, e pássaros irão morar em mim. Pássaros vão botar ovinhos e novos passarinhos nascerão; sempre haverá uma vida nova em mim. E enquanto as flores nascerem a minha volta, crianças crescerão brincando em torno de mim. (Provavelmente alguma tropeçará em mim e irá chorar. Alguma mãe correrá e dará os cookies que fez,
enquanto lê em voz alta 'O Pequeno Príncipe').

Quando eu for uma árvore, você terá de passar muitos anos ao meu lado, teremos amigos arbustos e finalmente poderei zombar de alguém menor que eu.

Vou ser uma árvore, e serei um ipê rosa. Você será um ipê amarelo.
Iremos tomar chuva sem medo de ficarmos doentes. Seremos acordadas pelo sol nos tocando todos os dias. Deixarei o vento levar minhas pétalas à você, e talvez deixe os passarinhos que vivem em mim te visitar.

Quando formos árvores, na primavera você será linda e nossas cores se misturarão ao azul do céu.
Quando o outono chegar, as cores não irão mais nos diferenciar.
Seremos sempre você e eu.

por @CarolBizzi


[pela primeira vez (Ô) participação da Carol Best Bizzi -nosso ipê amarelo- aqui no DNME. continuem bonitos, sejam o ipê de alguém e se apaixonem por esse belo texto da querida 'Best']

*título do post: árvore em tailândes*

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

torta de morango

conversas de bar I

Eu corro carregando minhas sacolas de compras, como sempre, estou atrasada. Enquanto vou desviando das pessoas, vou pensando em desculpas para meu atraso, mas ele já conhece todas e acredito que meus atrasos fazem um bem danado à nossa relação.

Sinto calor, dobro a esquina e paro de correr, dou uma ajeitada em meu casaco preto e meu cabelo, mas logo desisto, descobri há muito tempo que sou descabelada por natureza. Paro em frente à cafeteria e pelo vidro o vejo sentado na mesa mais afastada, olhando o relógio. Então sua atenção é desviada para a rua e lá estou eu, parada cheia de sacolas e com cabelos bagunçados. Ele faz um sinal apressado para eu entrar logo e eu dou uma das minhas risadas escandalosas.

Enquanto ando em direção à mesa dele, ele fica apenas lá sentado me encarando. Eu me sento na cadeira em frente a ele e largo minhas sacolas no chão e, não existem cumprimentos calorosos entre nós, somos assim, agimos como se não nos conhecêssemos, como se não compartilhássemos horas e palavras.

- Você tá atrasada- ele acusa e eu abro a boca pra protestar- e nem me venha com a desculpa do metrô lotado e que as pessoas não te deixam entrar nele. Eu vi suas sacolas gigantes.

- Não vou pedir desculpas, você sabe que elas não sinceras quando dirigidas a você- eu falo e ele ri- E enfim, eu preciso controlar esse meu consumismo – eu já me preparo para meu discurso psicológico sobre meu consumismo desenfreado, mas sou surpreendida com o toque da mão quente dele na minha, me perco nas minhas próprias palavras. - Me fala da sua semana, me distraia - e ele começa a me contar sobre suas últimas ressacas e sobre o fato de ter enjoado de ter ouvido o novo DVD do Metallica, o que me deixa muito surpresa por sinal.

Por algum motivo eu gosto de estar ali com ele, sem me importar com o tempo fora daquelas paredes de vidro, alheia ao que acontece ao meu redor. Ele vai falando sobre os últimos filmes que viu e eu falo sobre os livros que eu li. Ele me guia entre suas relações com filmes e eu o guio entre minhas historias malucas.

- Acho melhor te alimentar- ele diz quando eu acabo de lhe contar sobre a primeira vez que fui parar na diretoria, e antes que eu faça algum protesto, ele pede um pedaço de torta de morango. – Tô te devendo uma, lembra? – eu faço que sim com a cabeça meio incrédula por ele ter lembrado algo tão superficial que lhe pedi logo após nosso primeiro beijo.

A garçonete traz o pedaço de torta, junto com uma colher e eu peço pra ela me trazer mais uma colher. E ele arqueia uma sobrancelha.

-Ué, vamos comer nossa primeira torta juntos. Não é extremamente anormal pra nós? – eu digo dando uma risada. Damos a primeira colherada no pedaço juntos e ele acaba em segundos. E pedimos outro pedaço de torta e conversamos mais. E agora falamos sobre nossas famílias, e sobre como somos tão parecidos e mimados.

Ele fica admirado com fato de eu comer apenas sobremesas com a mão esquerda. Ele me faz rir quando me imita falando e passando as mãos nos cabelos. Ele não se importa quando eu o xingo dos nomes mais escrotos possíveis, e eu não finjo não me importar quando ele me elogia.

E falamos sobre músicas e sobre os futuros shows que vamos. E acabamos entre uma colherada e outra montando uma playlist para o show do U2- o que me faz rir por dentro por ter me feito lembrar alguém do passado- e decidimos ao final que o Bono não pode beijar a bandeira dos estados unidos novamente e nem chamar uma garota pra ele dar um selinho.

Rimos juntos por confessarmos que nos odiávamos muito mais há 3 meses atrás e que somos pessoas que não

sabem agir normalmente. Gostamos de Natal e decretamos leis para o mundo, não o nosso mundo particular, o mundo em geral.

- Está proibido falar que o Natal é uma época hipócrita!- ele fala levantando a colher e eu caio na risada. – E te achar metida a primeira vista, porque cá entre nós, eu achei isso. E emendo dizendo que te achei muito azeda também.

-Eu nem tenho cara de metida. - eu falo incrédula.

- Relaxa, eu já perdoei essa parte, só porque suas pernas são lindas.- ele ri e olha por debaixo da mesa e volta dizendo que acha uma pena eu usar calças jeans.

- Eu tiraria todo essa sua falta de escrúpulos e criaria mais homens com sardas, como você. - eu disparo e me arrependo logo em seguida, porque ele começa um discurso sobre como as sardas dele me seduzem. – Dá um tempo. – eu digo, enquanto sou servida por mais um pedaço de torta.

- Eu te daria mais tempo, você sempre diz que precisa de tempo. – ele diz, enquanto dá outra colherada no meu pedaço de torta. – E eu tiraria as placas de sinalização e os retornos... Seria muito mais fácil pra dirigir sem placas e pra retornar, eu apenas passaria por cima da grama e estaria do outro lado da pista. - E isso me faz rir, sempre dou risada com essa vontade de ser imprudente no transito que existe nele.

- Eu decreto que todas as terças-feiras seriam dias para comer torta e fazer compras- eu digo e ele grita “consumista”- e todas as sextas-feiras dia de beber cerveja- eu continuo sem dar bola e ele grita “bêbada” e caímos na risada.

Ele briga comigo quando eu olho o relógio, desvia minha atenção para qualquer outra coisa. E toda vez que nossas mãos se tocam, eu sinto o exercito de clones de Star Wars dentro do meu estomago. Confesso coisas que se passam na minha cabeça nos últimos tempos, minhas confissões são entregues a ele ali naquela cafeteria.

- E sabe, acho que estou cada dia mais perto do poço, como em Clube da Luta, como se eu tivesse mesmo uma marca feita por algum reagente químico em minha mão, como se eu quisesse mudar essa realidade, esse meu consumismo. Como se eu quisesse deixar minhas marcas nas pessoas, mas não soubesse como. – eu rio nervosa por toda minha paranóia- acho que na verdade, só quero que no final de cada dia meu toque “Where is my mind”.

- Acho que todo mundo dessa geração quer mudar algo de sua realidade, e eu acredito que seja uma boa causa para nós. – ele diz- você só não pode se tornar depressiva por isso. Ou bêbada. Se bem que já é tarde pra isso... Você quase bebe o mesmo tanto que eu.

- Menos, bem menos, por favor. – eu digo com minha cara de tédio que o faz rir horrores.

- Mas se você quiser eu dou um jeito de você sempre ouvir ‘where is my mind’ no final do dia. - ele diz.

- Tá ficando muito sentimental, pro meu gosto. - eu aponto a colher pra ele e ele ri coçando a barba por fazer.

- Você está muito longe de mim. – ele aponta para a mesa e eu digo que gosto

da distancia entre nós às vezes. E não nos pressionamos a nada, a entrar na rotina um do outro, porque achamos que na maioria dos casos, é essa falta de sossego que acaba com tudo, o casual é bom, e funciona para nós. Não vemos motivos para marcar futuros encontros ou planejar qualquer coisa, sabemos que estaremos lá naquele dia e naquele horário sempre que um quiser e precisar.

- Posso te confessar algo?- ele pergunta, largando a colher na mesa.

- Claro, contanto que não seja nada pervertido.- digo rápido e cruzo minhas mãos em cima da mesa.

- Nunca pensei que um dia teríamos uma conversa assim- ele continua- sempre vi você como uma pessoa cercada por muros impenetráveis, sei lá por que... acho que é porque eu sou assim também.

- É meio frustrante descobrir que sou vulnerável a você – eu seguro a mão dele - e que você é vulnerável a mim. Acho simplesmente tão surpreendente que nem sei criar um discurso psicológico pra isso, deixo essa parte para minhas amigas e minha mãe.

- Como você consegue ser assim? - ele me olha enquanto como mais um pedaço de torta sozinha- desse jeito tão debochado, sem se importar com seu cabelo ou com os palavrões que solta.

- Isso era pra ser um elogio?- eu olho incrédula pra ele.

- Sim. - ele diz, se encostando na cadeira.

Eu aponto a colher pra ele enquanto mastigo.

- Você vai acabar gostando de mim, sabia?- eu digo e volto a dar outra colherada na torta.

- Eu sei. – o ouço dizer. Levanto a cabeça, encontro o olhar dele e sorrimos. Um sorriso de cúmplices, como se ele acabasse de me contar um grande segredo e assim, eu me tornasse guardiã dele.

- Sabe, - eu digo e aponto para a torta com a colher- eu decreto que essa é a melhor torta de morango que já comi.

p.s. da narradora

é, somos assim.

e eu não sei escrever diálogos.

he’s asleep, i’m wide awake,

@PriiiG

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Alguém da Vida da Gente


Eu sonho com um reencontro. Que leve embora a saudade e traga os abraços mais pra perto.






Reencontrar aquele que um dia o carro vermelho levou embora e ouvir aquele sotaque bonito de novo.
Sentar no chão e assistir Cassino Royale em um belo fim de tarde ou receber aquela amiga em casa só para podermos assistir 'De Volta Para O Futuro" juntos.
Andar pelas ruas da cidade, mesmo em um dia sem sol.
Acordar pela manhã com um abraço apertado e muitas risadas.
Só que dessa vez sem a despedida no fim do dia.

Reencontrar os amigos que há muito saíram da minha vida, mas que fizeram toda a diferença nos meus dias.
Com músicas idiotas e conversas sem sentido.
Todos sentados no jardim rindo muito durante aqueles 20 minutos de intervalo entre as aulas.
Matar aulas só para poder colocar a conversa em dia sendo que nos vimos no dia anterior.
Ver as mesmas pessoas todos os dias e ainda assim morrer de saudade no fim de semana.
Pedir para que aquele dias nunca terminem, pois nada no mundo fará mais falta quando seus dias de adulto chegarem.


Sonho com o encontro também.
Encontrar aquele que atende pelo nome de Pequeno Príncipe mas que nunca apareceu por esses lados com seus olhos enigmáticos.
Aquele que quando crescer será mais poético que Raul Seixas, mas que hoje é mais lunático que qualquer pessoa psicodélica dos anos 70.
Que é o coringa de todo baralho e é responsável por qualquer interrogação que cruze o seu caminho.
O ser misterioso que não aparenta ter nenhum mistério.



Sonho em reencontrar os anos dourados que tive ao lado dos meus irmãos quando eu era pequena.
Quando acordavamos cedo só para assistirmos Thundercats e Caverna do Dragão.
Eu sentava do lado de fora do quarto deles, só pra poder ouvir as músicas que eles ouviam também. Pink Floyd, Soul Asylum e Ace of Base era a nossa trilha sonora.


Assim como todo mundo sou uma pessoa cheia de nostalgia.
Que os olhos enchem de lágrima quando acho no youtube a abertura daquele desenho que saiu do ar há muitos anos.
Que sabe cantar a música tema do "Get Along Gang" e já viu Goonies um zilhão de vezes e nem assim consegue enjoar.


Onde o presente tem muito do passado, traço meu caminho com um tanto de saudade.
- @JessyMcLovin

Monólogo de dois






- Arranjei um namorado
- E?
- E o quê?
- E o que é que tem?
- O que é que tem o quê? Eu ter arranjado um namorado?
- É, o que é que tem isso?
- Ah, queria te contar
- Por quê?
- Porque você é minha consciência
- Mas se eu sou a sua consciência eu já sabia disso certo?
- Certo?
- Então por que é que você queria me contar uma coisa que eu já sei?
- Porque me deu vontade oras! Faz tanto tempo que a gente não conversa...
- A culpa é da sua faculdade, nem vem brigar comigo
- Como é que eu posso brigar com a minha própria consciência?
- Qual é o rumo dessa conversa mesmo?
- Meu namorado
- É?
- É
- E ele é legal?
- Se ele não fosse por que diabos eu estaria com ele?
- Ele pode ser um babaca, mas ser ótimo na cama.
- Isso faz sentido
- E ele é bonito?
- Claro que é, pelo menos pra gente ele é...
- É rico?
- Que tipo de pergunta é essa?!
- Estou pensando na nossa aposentadoria
- Eu não vou casar com ele
- Então estou pensando nos nossos futuros presentes
- Interesseira
- Eu sou você esqueceu?
- Ah merda, to odeio as vezes
- A culpa não é minha se você faz cagada e eu que fico pesando na nossa cabeça
- Mas eu não fiz cagada nenhuma... Pelo menos não com ele
- Ainda
- Ou! Dá pra ser um pouquinho positiva e pensar em coisas boas?
- Eu sou a sua razão, não os seus sentimentos.
- E é uma vaca também
- Elogios a parte, você pretende seguir sua lista de resoluções de ano novo?
- Eu não to fazendo isso agora?
- Discutir comigo não é uma delas
- Mas o texto que eu vou extrair dessa conversa sim
- Te odeio as vezes
- E por que tanta hostilidade randômica?!
- Porque você sou eu, eu te amo e te odeio, preciso disso pra poder ficar junto de você.
- Bom, se eu te perder eu meio que acabo morrendo então acho meio óbvio isso não é?
- Agora me senti num casamento
- Horrível não?
- Nem me fala... Só de pensar já dá dor de cabeça
- Ah é, esqueci de falar
- O quê?
- Feliz ano novo.

- @Kuro_N3ko