terça-feira, 19 de outubro de 2010

pela delicadeza.

novas cores, amores e novas canções.

Modern Nature by Sondre Lerche on Grooveshark



Protesto pela delicadeza. Pela música que não tocou naquele show, pela calça jeans que estava cara demais. Protesto por não saber falar de política, por não ser um pouco mais alta. Por não poder ter um cachorro e sempre demorar pra me arrumar.

Protesto para que as pessoas entendam meu sarcasmo, minha carência e minha sinceridade. Protesto por aqueles que observam em silêncio, pelos desenhos da minha infância que não passam mais na TV, pela falta de cajuzinho nas festas de aniversário e juízo.


Protesto por aqueles que riem alto como eu, por aquela que quase foi inimiga e hoje compartilha comigo novos caminhos e pelas piadas de trabalho. Pelas filas no cinema no feriado. Protesto pela dignidade, escadas e pela superficialidade que às vezes é boa. Protesto pela minha falta de noção, por meus problemas, minha conta bancária sempre vermelha e por aquele all star verde que minha mãe insiste em querer jogar fora.
Protesto pelos vocalistas, tocadores de ukelele e pseudo-escritores como eu. Pelos amigos que moram longe de mim, contra minhas pedras nos rins, calças coloridas e modismo em massa. Protesto por aquelas coisas que queremos tatuar, pelo cigarro acesso num dia frio e estressante.


Protesto por aqueles que gostam dos mesmos filmes que eu, que sentem como eu sinto. Protesto pela paçoquinha que me satisfaz mais que a barra de chocolate, pela comida da minha vó e por não saber atender o celular na hora.


Protesto por você que espera um futuro bom, você que alimenta sonhos e os constrói. Protesto por não saber fazer trança, andar de bicicleta e não ser canhota. Por não escrever mais cartas, por não ver mais meus amigos como antigamente, por ter mudado tanto nos últimos anos, pelos meus 18 anos e por aquele ano que foi o melhor da minha vida.


Protesto contra o horário de verão que rouba uma hora do meu dia sem pedir licença, contra você que ama por comodismo e a favor de todos nós que temos medo de amar e quebrar a cara.


Protesto pela distância, pela saudade, perda e para que o dia tenha mais que 24 horas. Pelo sol não ter aparecido no dia que iríamos à praia, pela felicidade da minha família e por brinquedos sensacionais para meus primos. Protesto para ter mais tempo com a minha prima, mais alguns minutos para dormir e mais anéis e vestidos. Mais recados, e-mails, sms e conversas pelo messenger. Mais apelidos, mais bandas boas, mais coletâneas. Protesto contra a gripe, matemática e sentimentos falsos.


Protesto por nós que queremos ser ouvidos na multidão, pelos dias de ócio e manias novas. Por aquele que ainda gosta de mim depois de tanto tempo e por não poder ser recíproca a ele. Pelo meu sarcasmo matinal e meus cabelos despenteados.


Protesto pela falta de shows bonitos e pela falta de pintas no meu corpo (quero mais, muito mais). Pelo preço absurdo daquele jogo, pela internet que insiste em cair e pelas madrugadas vendo “Vila Sésamo”. Pela necessidade de falar, por não saber abraçar e escrever cartões de natal.


Eu protesto por todas as 
coisas que me fazem feliz e por todas as coisas que fazem qualquer pessoa da minha vida sorrir. Protesto contra qualquer um que nos queira mal, contra remakes mal feitos e ciúmes. Protesto para ter mais tempo para cantar, ter mais inspiração e livros. Para poder comer a sobremesa antes, comer pipoca no café da manhã e para nunca envelhecer.
Por todas as palavras, ligações, segredos, passados, presentes, futuros, festas de aniversário, sentimentos, shows, filmes e vinis raros. Protesto pra sorrir mais, ser mais leve, pra falar menos palavrão e conhecer mais lugares. Protesto pelas músicas dos amantes, rodas de ciranda e conversas pela madrugadas. Protesto para que tenhamos a história mais linda já escrita, para que sejamos eternos e para que óculos escuros e cachecóis estejam sempre na moda.

Protesto por mim, por você, por ela, por ele, pelos meses, pelo tempo, sextas-feiras e futebol. Protesto para que nossos dias dourados nunca acabem. Protesto. E, sobretudo, pela delicadeza.

p.s. da narradora:
protesto para que esses dias durem para sempre.

Protestem hoje,
@PriiiG

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