quarta-feira, 22 de setembro de 2010

she & him


your lips touching mine in the photobooth.



Eles não sabem disso, mas estão apaixonados.
Eles não sabem, mas acordam e dormem juntos todos os dias. Ela imagina todos os dias conversas pelo telefone com ele. Ele pensa nela enquanto se afunda em pilhas de papéis no escritório.

Ele é calmo, ponderado. Ela não, ela chega explodindo emoções, falando sem pensar. Ele gosta desse jeito dela, e ela gosta de poder ser assim com ele. Ele gosta do humor dela, sarcástico, mas nunca arrogante. E ela gosta do jeito que ele vê graça nas coisas mais sérias. Escrevem cartas um para o outro que nunca são entregues, falta tempo e coragem.

Ele idolatra aquele que ela odeia. Ela gosta de se apaixonar por ele quase todos os dias. Os livros dela carregam a presença ausente dele e as músicas dele carregam a presença ausente dela. Ela sonha com ele. Ele imagina situações com ela.

Ele amou primeiro, ela em seguida.

(Mas ele sabe que ela nunca quebraria seus vinis por ele. Ele sabe disso, e não faria o mesmo por ela. O gostar um do outro vai além de pedaços de vinis pelo chão.)

São compatíveis na política, mas não no futebol- o que gera discussões que ele adora. Ele nas horas vagas torna-se o herói dela, tirando-a do tédio ou de perto de qualquer um que lhe queira mal. Ela por outro lado, causou uma revolução na vida dele e gosta de pensar nele como o garoto que ela conseguiu mudar, pra melhor e somente pra ela. Ele escolheu uma música para sempre se lembrar dela. Ela todas as noites antes de dormir inventa histórias com ele. Ele gosta de Coca-Cola e ela de Heineken. Ele gosta das tatuagens dela. Ela gosta dos óculos escuros dele. Ele gosta do jeito que ela escreve. Ela gosta do jeito que ele fala.

Ele faz o papel de sonhador e ela continua com os pés no chão. Ele sempre pergunta como foi o dia dela e ela gosta do jeito como ele fala do avô dele. Ele descreve um futuro para eles e ela se figura nesse futuro sem dificuldades.

Não fazem promessas, nem rotinas, nem ligações e muito menos poemas. São superficiais, altruístas, gostam dos mesmos livros, filmes e bandas. Possuem as mesmas manias. Sofrem pelos desencontros e sabem que poderiam muito bem se odiar.

Não sabem amar normalmente.
E nem querem.
E assim sem saber, ele e ela possuem um relacionamento. Ele na cidade que os vagalumes dançam a noite e ela na cidade das luzes ofuscantes.

p.s. da narradora:
você me deve uma dança.

Continuem bonitos na primavera,


Pri Gordon.

- @PriiiG

4 comentários:

  1. Essa coisa de ser opostos em muitas coisas deixa tudo tão bonito não é? E esse inicio de amor, nossa como é bom sentir =)

    AMEI a foto.
    Seguindo aqui e até mais
    Beijos

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  2. Admiro muito o modo realista dos textos aqui postados.
    Os relacionamentos, ainda que muitas vezes românticos, são vistos através de um horizonte bem prático (se for possível tal combinação).

    As fotos são mais um presente, sempre de muito bom gosto.

    xoxo
    =)

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  3. E ele sente a falta dela. Mais os anos se passaram, e as coisas mudaram, hoje, ele sofre por outra, e sente vergonha disso. Pois está outra, não é metade da mulher que a autora deste texto é. Ele se arrepende!

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