quarta-feira, 30 de junho de 2010

Janelas de Sépia

Último post de Junho.
Espero que tenha sido um mês divertido. E que Julho seja melhor ainda.
Love you guys!



Era uma quinta-feira, 18h, dia frio, mas sua animação superava tudo aquilo.
Estava indo ao encontro do desconhecido.

Suas amigas não haviam chegada e a falta de companhia em nenhum pouco a afetava.
Os braços cruzados e os olhos curiosos. Mesmo com o casaco mais quente que tinha sentia o cabelo congelando assim como todo o seu rosto. As bochechas rosadas indicavam quanto frio ela estava sentindo.
Estava bem arrumada, mas não atraente. O perfume era agradável mas o vento era tão forte que nem ela mesma podia senti-lo.

Aquele momento era o mais solitário que ela já havia passado. Talvez porque seu coração está vazio e sua cabeça muito cheia.
Cheia de pensamentos enganados.
Cheia de promessas falsas, feitas por ela mesma.
Estava feliz, mas sentia-se triste por ter deixado de acreditar.

Ao longe avistou a amiga atrasada. Logo mudou sua feição para evitar perguntas da amiga que por demais se preocupava.

- Tudo bem?
- Melhor do que nunca! _ seu rosto parecia feliz, mas seus olhos diziam outra coisa.

De braços dados as duas entraram no bar um pouco mais aconchegante do que o tempo lá fora.
Enquanto esperavam as outras amigas que estavam demorando demais para chegar pediram um vinho para aquecer o corpo.
O ambiente não pedia por tanta formalidade.
Estava cheio de pessoas animadas, algumas dançavam, outras conversavam muito alto. Muitos deles com casaco estilo britânico, cachecol ou qualquer coisa do tipo. Lá ela se sentia bem.

Estava muito ansiosa, sua alma tinha voltado à infância, mas a desconfiança de passar por ridícula não a deixava admitir.

Na porta do bar era possível ouvir um barulho muito alto, as risadas eram muito altas. Suas amigas haviam chegado e sua noite acabava por começar.




A mesa cheia de cadeiras e vários copos de bebidas. Cerveja, vodka, whisky. Aquecer o corpo já não era mais necessário. Eram só 5 mulheres, na mais pura forma. Na mais simples diversão.

Todos os pensamentos que estavam na cabeça dela sumiram, como se o vento lá fora os tivessem levado.

Um barulho forte chegou aos seus ouvidos, seu coração disparou. Tinha esquecido do porque estava no bar.
Quatro homens, duas guitarras, uma bateria, um baixo e um microfone preencheram o palco antes vazio, inundando o ambiente

O amor deles havia terminado, mas vê-lo no palco mais uma vez era necessário, ela já não mais conseguia viver sem aquela voz.
Da mesma forma que o amor começou, ele acabou.
Ela sentada em uma mesa com um copo na mão e ele em cima do palco.
Pra ela aquilo era necessário. Era como se nada tivesse existido antes de conhecê-lo.
Passava todos os minutos lembrando.

6 meses atrás naquele mesmo bar, a noite lá fora era a mesma, o frio que gelava o corpo todo.
Eram as mesmas musicas.
Eles ficaram se olhando durante todo o tempo.
No fim da apresentação,ela viu que seu copo estava vazio, isso significava que era hora de ir embora.
Lá fora o frio ainda não havia diminuído e seu casaco era muito fino pra agüentar.
Tentando conter o acesso de raiva que estava por vir, se perguntando por que não pegou o outro casaco mais quente, ela acendeu um cigarro.
Ficou alguns minutos apreciando o céu com a lua, tão brilhante que parecia de vidro.
Sentiu alguém tocar em seu ombro. Ao virar sua surpresa não podia ser maior. Era a ultima pessoa no mundo que ela pudesse imaginar que algum dia falaria com ela.
Ele. Seu objeto de inspiração de minutos atrás.
O motivo de ela ter pedido mais um copo de vodka.
Ela tinha sentido que seu olhar era retribuído. Mas não que ele fosse conversar com ela.

A conversa aquela noite resultou na quinta – feira onde nossa historia começou.
Eles ficavam juntos todo o tempo, ele a fez parar de fumar. Das mais infinitas das coisas, eles estavam juntos, como se ninguém mais no mundo existisse por 6 meses.
Ate que um dia ela acordou, viu o travesseiro vazio e sentiu que havia acabado. Seu sonho de um semestre chegava ao fim, sem a menor das explicações. Seu príncipe da musica folk havia ido embora, deixando apenas um bilhete.
“Prometa que não vai voltar a fumar.”

Ela foi invadida por uma tristeza. Sentou na cama abraçou as próprias pernas, mas chorar ela não conseguia.
A vontade de acender um cigarro estava aumentando, mas o bilhete era tão especifico que a culpa logo iria chegar.

-Mas ele me abandonou. Por que vou fazer o que ele pede?

Para fugir dos pensamentos, foi correndo a cozinha, abriu a geladeira e viu a garrafa de vodka ainda fechada. Seu estomago estava vazio. Ela sabia das conseqüências e talvez por isso que ela fez o que fez.
Entornou toda a garrafa.
Em apenas 5 minutos a situação se resumiu a: um coma alcoólico e ninguém para ajudá-la.


Acordou ainda com a visão turva e um ruído nos ouvidos. Agulhas nos braços e um roupão horrível.
Seu amado dormia ao seu lado.
Ficou confusa, afinal ele tinha ido embora. Como podia agora estar dormindo na cadeira ao lado de sua cama. Vê-lo daquele jeito fez todo o amor voltar dentro dela. Seu coração se aqueceu.

Os olhos verdes do amado estavam se abrindo e foram logo de encontro aos dela.
Mas ele tinha raiva nos olhos e não amor.

- Como pode fazer isso? Você quase se matou.
- Você tinha ido embora e eu perdi a razão.
- Eu não fui embora. Fui para o ensaio da apresentação da semana que vem.
- Mas e aquele bilhete? _ ela coloca a mão na cabeça ainda muito confusa.
- Eu escrevi aquilo, pois seu que se tirar meus olhos de você a primeira coisa que faz é acender um cigarro. Não porque eu ia embora. Mas agora que vi até que ponto vai a sua loucura ir embora é o melhor a se fazer.

Ele deu um beijo rápido em sua boca e saiu do hospital com passos apressados.
Agora tudo fazia sentido. Ele a amava e não iria embora assim.
Ela tinha arruinado tudo.
Sentiu uma tontura muito forte e seu estomago começou a dor. Antes que pudesse chamar por alguém, desmaiou e mais uma vez estava sozinha.


Quinta - feira, 17h.
Estava recuperada da besteira que tinha feito. Seu corpo estava melhor, mas sua cabeça ainda não. Sair com as amigas era a melhor opção de impedi-la de tentar uma nova forma de se machucar.
Pegou o telefone, sua amiga estava na discagem rápida.

- Alô_sua amiga ficou feliz ao ver que era ela ligando.
- E ai tem planos pra hoje?
- Que bom que parece melhor amiga, pelo menos a sua voz está.
- Estou melhor do que nunca. Vamos sair hoje?
- Eu não sei se devemos. Aonde quer ir?
- Ele vai tocar hoje.
(ficou um silencio do outro lado da linha)
- Preciso de companhia pra fazer isso.
- Tudo bem, vou ligar para as meninas e nos encontramos lá. Ainda é no mesmo lugar?
- Sempre.

Abrindo o guarda roupa ficou pensando em qual roupa vestir. Viu o casaco que a fez passar frio naquela noite e o casaco que deveria ter usado.
Será que aquele casaco a traria sorte mais uma vez?
Ou era tudo coisa da cabeça dela?

Saindo de casa seu visual era o seguinte: calça jeans, seu tênis sujo favorito, o cabelo preso, o casaco mais quente.
Enquanto acendia um cigarro era possível ouvi-la dizer: - Dessa vez eu faço a minha sorte.
E ela sumia em meio a serração indo em direção ao bar.


Xoxo
@JessyMcLovin

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